florir, em sua glória, alguma vez por ano.
Porque assim é Orfeu. Sua metamorfose
nesta ou naquela forma. Em vão é que tentamos
Outros nomes lhe dar. Ao menos aprendamos
que é sempre Orfeu quem canta. Ele vai, ele volta.
Não nos basta saber que afinal de ano a ano
um dia passa, ou dois, numa taça de rosas?
Mesmo que sofra a sós a angústia de deixar-nos,
terá de se banir para que o entendamos?
Enquanto no aqui sua palavra paira,
Ei-lo já longe, aonde o não acompanhais.
Entre as grades da lira, as mãos estão libertas,
e mesmo quando parte apenas obedece.
Rainer Maria Rilke,
Sonetos a Orfeu
.
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