Mostrar mensagens com a etiqueta Manuel Bandeira. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Manuel Bandeira. Mostrar todas as mensagens

sábado, 7 de setembro de 2013

Desencanto

Desencanto

Eu faço versos como quem chora
De desalento , de desencanto
Fecha meu livro se por agora
Não tens motivo algum de pranto

Meu verso é sangue , volúpia ardente
Tristeza esparsa , remorso vão
Dói-me nas veias amargo e quente
Cai gota à gota do coração.

E nesses versos de angústia rouca
Assim dos lábios a vida corre
Deixando um acre sabor na boca

Eu faço versos como quem morre.
Qualquer forma de amor vale a pena!!
Qualquer forma de amor vale amar!


Manuel Bandeira
(1886-1968)

domingo, 1 de setembro de 2013

A fina, a doce ferida

A fina, a doce ferida 
Que foi a dor do meu gozo
Deixou quebranto amoroso
Na cicatriz dolorida.

Por que ardor pecaminoso
Ateou a esta alma perdida
A fina, a doce ferida
Que foi a dor do meu gozo.

Como uma adaga partida
Punge o golpe voluptuoso...
Que no peito sem repouso
Me arderá por toda a vida
A fina, a doce ferida...

- Manuel Bandeira, in Estrela da Vida Inteira", Editora Record/Altaya

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Trem de ferro

Trem de ferro

Café com pão
Café com pão
Café com pão

Virge Maria que foi isto maquinista?

Agora sim
Café com pão
Agora sim
Voa, fumaça
Corre, cerca
Aí seu foguista
Bota fogo
Na fornalha
Que eu preciso
Muita força
Muita força
Muita força

Oô...
Foge, bicho
Foge, povo
Passa ponte
Passa poste
Passa pasto
Passa boi
Passa boiada
Passa galho
De ingazeira
Debruçada
No riacho
Que vontade
de cantar!

Oô...
Quando me prendero
no canaviá
Cada pé de cana

Era um oficiá

Menina bonita
Do vestido verde
Me dá tua boca
Pra matá minha sede
Ôo...
Vou mimbora vou mimbora

Não gosto daqui
Nasci no sertão
Sou de Ouricuri
Oô...

Vou depressa
Vou correndo
Vou na toda
Que só levo
Pouca gente
Pouca gente
Pouca gente...

Manuel Bandeira
(1886-1968)

Mais sobre Manuel Bandeira emhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Manuel_Bandeira