A Arte de Ser Amada - Natália Correia, in "O Vinho e a Lira"
Eu sou líquida, mas recolhida no íntimo estanho de uma jarra e em tua boca um clavicórdio quer recordar-me que sou ária. Aérea vária porém sentada perfil que os flamingos voaram. Pelos canteiros eu conto os gerânios de uns tantos anos que nos separam. Teu amor de planta submarina procura um húmido lugar. Sabiamente preencho a piscina que te dê o hábito de afogar. Do que não viste a minha idade te inquieta como a ciência do mundo ser muito velho três vezes por mim rodeado sem saber da tua existência. Pensas-me a ilha e me sitias de violinos por todos os lados e em tua pele o que eu respiro é um ar de frutos sossegados.