sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Amor me ocupa o cérebro e os sentidos

Amor me ocupa o cérebro e os sentidos;
Absorto estou em êxtase amoroso;
não me dá trégua nem repouso
esta guerra civil dos que são nascidos.

Espalhando-se na torrente dos gemidos
pelo grande distrito e doloroso
do coração, em seu penar ditoso,
e minhas memórias afogadas em olvidos.

Todo sou ruínas, todo sou destroços,
escândalo funesto dos amantes
que fabricam de lástima seus gozos.

Aqueles que hão de ser, e os que foram antes
estudem a sua saúde em meus soluços,
e invejem a minha dor, se são constante.

Francisco de Quevedo ( 1580-1645 )

Mudado para português por aj c.



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Amor me ocupa el seso y los sentidos;
      absorto estoy en éxtasi amoroso;
      no me concede tregua ni reposo
      esta guerra civil de los nacidos.

      Explayóse el raudal de mis gemidos
      por el grande distrito y doloroso
      del corazón, en su penar dichoso,
      y mis memorias anegó en olvidos.

      Todo soy ruinas, todo soy destrozos,
      escándalo funesto a los amantes
      que fabrican de lástima sus gozos.

      Los que han de ser, y los que fueron antes
      estudien su salud en mis sollozos,
      y envidien mi dolor, si son constante

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