quarta-feira, 25 de setembro de 2013

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Ideal
Aquela, que eu adoro, não é feita
De lírios nem de rosas purpurinas
Não tem as formas lânguidas, divinas
Da antiga Vénus de cintura estreita...
Não é a Circe, cuja mão suspeita
Compõe filtros mortais entre ruínas,
Nem a Amazona, que se agarra às crinas
Dum corcel e combate satisfeita...
A mim mesmo pergunto, e não atino
Com o nome que dê a essa visão,
Que ora amostra ora esconde o meu destino...
É como uma miragem que entrevejo,
Ideal, que nasceu na solidão,
Nuvem, sonho impalpável do Desejo...

Antero de Quental



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