Temos a sorte de estar
juntos,
apesar da distância obliqua
que nos cega.
Nossa é a margem
do azul onde partilhamos o leito, a boca,
a língua e a chama da posse.
Cada um do outro lado
na ausência tangente ao desejo
envolve-nos o calafrio inominado
dos braços unidos pelo vento.
pela poesia nos conhecemos
pela paixão nos pertencemos
nenhum oceano nos divide
nenhuma onda nos sobra.
Temos a sorte de ter
em nós a prodigiosa
imponderabilidade
das pérolas.
antónio carneiro

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