sábado, 7 de setembro de 2013

Poema

Em todas as ruas te encontro 
em todas as ruas te perco 
conheço tão bem o teu corpo 
sonhei tanto a tua figura 
que é de olhos fechados que eu ando 
a limitar a tua altura 
e bebo a água e sorvo o ar 
que te atravessou a cintura 
tanto        tão perto        tão real 
que o meu corpo se transfigura 
e toca o seu próprio elemento 
num corpo que já não é seu 
num rio que desapareceu 
onde um braço teu me procura 

Em todas as ruas te encontro 
em todas as ruas te perco 

(in Pena Capital; ed. Assírio & Alvim)

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