Ao ler em "Le Monde" (29/11/13), um pequeno texto sobre a perda de influência e esquecimento a que foi votada a obra da poetisa Anna de Noailles (1876-1933), outrora muito lida em França, dei-me a pensar em como os poemas, ou grande parte da poesia, fica indefesa perante o Tempo. Muitas vezes por ser excessivamente datada ou porque dedicada a um motivo que, com os anos, vai perdendo importância.
Em tempo de veleidade juvenil, eu costumava dizer, peremptoriamente, que um poema, para subsistir, não devia conter palavras demasiado actuais e concretas, como por exemplo: telefone ou máquina de escrever que, no futuro, poderiam assumir novas formas ou, pura e simplesmente, desaparecer. E que para os leitores vindouros seriam objectos obsoletos, sem significado, nem simbologia perpétua.
Porque, de algum modo, uma peça de teatro ou um romance adaptado ao cinema, até mesmo uma ópera, cujo tema com o tempo se tornou desajustado ou naïf, através de uma nova encenação imaginosa e inteligente, poderá adaptar-se aos nossos dias. Um poema dificilmente ressuscita. A menos que nele haja algo de misteriosamente intemporal ou mágico. Lembremos:
O sol é grande, caem co'a calma as aves,
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