"Todas as terras são uma e todos os homens são vizinhos"
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Al-Zubaidi (?-989), perceptor co califa de Córdoba Al-Hakan
sábado, 30 de novembro de 2013
sexta-feira, 29 de novembro de 2013
quinta-feira, 28 de novembro de 2013
Um poema
Um poema é um beijo e por isso é que é tão profundo?
Um poema - me amas? -acalma-te - não fales -
em meus lábios que abdicam do canto se me beijas
Um poema se escreve, se rouba, se abraça?
Oh doce labirinto de luz, oh tenebrosa,
oh altissima e secreta confusão, amor meu.
***
Vicente Núñez
(mudado para português por (...aj c.))
Um poema é um beijo e por isso é que é tão profundo?
Um poema - me amas? -acalma-te - não fales -
em meus lábios que abdicam do canto se me beijas
Um poema se escreve, se rouba, se abraça?
Oh doce labirinto de luz, oh tenebrosa,
oh altissima e secreta confusão, amor meu.
***
Vicente Núñez
(mudado para português por (...aj c.))
Tu de verdade, e para ti minha vida.
Rosa de sempre, o mortal te sabe
de memória e amor. O que é que em ti não cabe?
Meu verso para ti. Tu, sua medida.
Pedaço de meu tempo, de minha ferida,
levas-me e eu te levo, mar e navio;
Oh Rosa! que fará o lábio que te elogia
mais que louvar-te? O fugaz se olvida,
mas nunca a luz. O velho rio
seguirá seu caminho até ao mar, ao nada.
Pelos ares de Deus a Primavera
seguirá proclamando o poderio
daquilo que passa, Oh Rosa! condenada
por dentro a florescer, a morrer por fora
José Antonio Muñoz Rojas (1909-2009)
(Mudado por mim para português)
foto Yann Grancher
Rosa de sempre, o mortal te sabe
de memória e amor. O que é que em ti não cabe?
Meu verso para ti. Tu, sua medida.
Pedaço de meu tempo, de minha ferida,
levas-me e eu te levo, mar e navio;
Oh Rosa! que fará o lábio que te elogia
mais que louvar-te? O fugaz se olvida,
mas nunca a luz. O velho rio
seguirá seu caminho até ao mar, ao nada.
Pelos ares de Deus a Primavera
seguirá proclamando o poderio
daquilo que passa, Oh Rosa! condenada
por dentro a florescer, a morrer por fora
José Antonio Muñoz Rojas (1909-2009)
(Mudado por mim para português)
foto Yann Grancher
Vai, ano velho
Vai, ano velho, vai de vez,
vai com tuas dívidas
e dúvidas, vai, dobra a ex-
quina da sorte, e no trinta e um,
à meia-noite, esgota o copo
e a culpa do que nem me lembro
e me cravou entre janeiro e dezembro.
Vai, leva tudo: destroços,
ossos, fotos de presidentes,
beijos de atrizes, enchentes,
secas, suspiros, jornais.
Vade retrum, pra trás,
leva pra escuridão
quem me assaltou o carro,
a casa e o coração.
Não quero te ver mais,
só daqui a anos, nos anais,
nas fotos do nunca-mais.
Vem, Ano Novo, vem veloz,
vem em quadrigas, aladas, antigas
ou jatos de luz moderna, vem,
paira, desce, habita em nós,
vem com cavalhadas, folias, reisados,
fitas multicores, rebecas,
vem com uva e mel e desperta
em nossso corpo a alegria,
escancara a alma, a poesia,
e, por um instante, estanca
o verso real, perverso,
e sacia em nós a fome
- de utopia.
Vem na areia da ampulheta com a
semente que contivesse outra se-
mente que contivesse ou-
tra semente ou pérola
na casca da ostra
como se
se
outra se-
mente pudesse
nascer do corpo e mente
ou do umbigo da gente como o ovo
o Sol a gema do Ano Novo que rompesse
a placenta da noite em viva flor luminescente.
Adeus, tristeza: a vida
é uma caixa chinesa
de onde brota a manhã.
Agora
é recomeçar.
A utopia é urgente.
Entre flores de urânio
é permitido sonhar.
Affonso Romano de Sant'Anna
foto: Bill-Gekas
Vai, ano velho, vai de vez,
vai com tuas dívidas
e dúvidas, vai, dobra a ex-
quina da sorte, e no trinta e um,
à meia-noite, esgota o copo
e a culpa do que nem me lembro
e me cravou entre janeiro e dezembro.
Vai, leva tudo: destroços,
ossos, fotos de presidentes,
beijos de atrizes, enchentes,
secas, suspiros, jornais.
Vade retrum, pra trás,
leva pra escuridão
quem me assaltou o carro,
a casa e o coração.
Não quero te ver mais,
só daqui a anos, nos anais,
nas fotos do nunca-mais.
Vem, Ano Novo, vem veloz,
vem em quadrigas, aladas, antigas
ou jatos de luz moderna, vem,
paira, desce, habita em nós,
vem com cavalhadas, folias, reisados,
fitas multicores, rebecas,
vem com uva e mel e desperta
em nossso corpo a alegria,
escancara a alma, a poesia,
e, por um instante, estanca
o verso real, perverso,
e sacia em nós a fome
- de utopia.
Vem na areia da ampulheta com a
semente que contivesse outra se-
mente que contivesse ou-
tra semente ou pérola
na casca da ostra
como se
se
outra se-
mente pudesse
nascer do corpo e mente
ou do umbigo da gente como o ovo
o Sol a gema do Ano Novo que rompesse
a placenta da noite em viva flor luminescente.
Adeus, tristeza: a vida
é uma caixa chinesa
de onde brota a manhã.
Agora
é recomeçar.
A utopia é urgente.
Entre flores de urânio
é permitido sonhar.
Affonso Romano de Sant'Anna
foto: Bill-Gekas
Sendo um galicismo, a expressão pot-pourri é usada, em Portugal não muito frequentemente, para expressar uma amálgama de coisas, sem muito de comum entre si. Mas a sua utilização, em França, é destinada, normalmente, à linguagem do teatro ou musical, para significar: miscelânea.
Com alguma propriedade, e nesta acepção específica, foi usada por Jorge de Sena (Pot-pourri Final) para título do último poema da obra "Arte de Música" (1968), onde o Poeta fala de Carissimi e Dvorak, compositores, entre outras referências culturais.
O mais curioso, porém, é que este idiotismo francês tem a sua origem na língua castelhana: olla podrida(talvez por corruptela), que dá nome a um prato tradicional espanhol, em que entram legumes, enchidos e carne cozida. Uma espécie de Sopa Rica, e um pouco semelhante ao nosso celebrado Cozido à Portuguesa...
Princípio da complementaridade
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
O princípio da complementaridade foi enunciado por Niels Bohr em 1928 e assevera que a natureza da matéria e energia é dual e os aspectos ondulatório e corpuscular não são contraditórios, mas complementares. Daí vem o nome do princípio.
Isto significa que a natureza corpuscular e ondulatória são ambas detectáveis separadamente e surgem de acordo com o tipo de experiência. Assim, na experiência da dupla fenda a natureza evidenciada da luz é ondulatória, ao passo que no experimento do efeito fotoelétrico, a natureza que ressalta é a corpuscular, como demonstrou Einstein. Argumentos similares valem também para a matéria. Assim, o princípio da complementaridade atesta a ambigüidade e natureza dual da matéria e energia.
Notas
Discussão sobre a independencia ou não entre o princípio da complementaridade e o princípio da incerteza:http://www.fis.ufba.br/dfg/pice/ff/ff-03.htm
Bombordo
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Bombordo (BB) é o bordo à esquerda do rumo da embarcação.
Este nome vem do facto de os navios ao descerem o Atlântico ao longo da costa africana terem à sua esquerda a terra e os respectivos portos pelo bom bordo. 1 Este lado é assinalado de noite por uma luz vermelha.
Amurado por bombordo/estibordo é um termo náutico que significa velejar recebendo o vento por bombordo/estibordo 2
Cruzamento[editar]
Quando duas embarcações se aproximam em rumos contrários, as duas devem partir a estibordo de forma a passar bombordo com bombordo
quarta-feira, 27 de novembro de 2013
Benny não disse uma única palavra nos primeiros seis anos de vida. No dia em que cumpriu sete anos, a mãe preparou-lhe um copo de leite com chocolate. Benny provou o leite com chocolate e disse: "Isto está horrível!". Os pais ficaram surpreendidos:"Porque é que demoraste tanto a falar?". Benny respondeu: "Até agora, não havia nada a dizer".
Mrs Cantor, viúva há mais de quatro anos, estava sentada à beira da água em Miami Beach a lamentar-se da sua triste vida quando um homem que parecia precisar de apanhar sol se sentou ao lado dela. Mrs Cantor perguntou-lhe: "Porque é que está tão pálido?" "Estive 28 anos preso", respondeu o homem. "Vinte e oito anos? Porquê?", insistiu a viúva. "Por ter morto a minha terceira mulher", explicou. "Estrangulei-a." "E o que aconteceu à sua segunda mulher?", perguntou Mrs Cantor. "Matei-a com um tiro." Mrs Cantor não desistiu: "Se mal lhe pergunte, já agora, e à sua primeira mulher?". "Tivemos uma discussão e atirei-a janela fora." Depois de demorar uns minutos a assimilar todas estas informações, Mrs Cantor aproximou-se do homem e sussurou-lhe ao ouvido: "Então isso significa que é um homem solteiro?".
terça-feira, 26 de novembro de 2013
Vitorino & Janita Salomé - "Passarada" do disco "Moda Impura" (2012)
Quais, quais, oliveiras, olivais
Pintassilgos, rouxinóis,
Caracóis, bichos móis,
Morcegos, pássaros negros,
Tarambolas, galinholas,
Perdizes e codornizes,
Cartaxos e pardais,
Cucos, milharucos,
Cada vez há mais.
PASTELARIA
Afinal o que importa não é a literatura
nem a crítica de arte nem a câmara escura
Afinal o que importa não é bem o negócio
nem o ter dinheiro ao lado de ter horas de ócio
Afinal o que importa não é ser novo e galante
- ele há tanta maneira de compor uma estante!
Afinal o que importa é não ter medo: fechar os olhos frente ao [precipício
e cair verticalmente no vício
Não é verdade rapaz? E amanhã há bola
antes de haver cinema madame blanche e parola
Que afinal o que importa não é haver gente com fome
porque assim como assim ainda há muita gente que come
Que afinal o que importa é não ter medo
de chamar o gerente e dizer muito alto ao pé de muita gente:
Gerente! Este leite está azedo!
Que afinal o que importa é pôr ao alto a gola do peludo
à saída da pastelaria, e lá fora – ah, lá fora! – rir de tudo
No riso admirável de quem sabe e gosta
ter lavados e muitos dentes brancos à mostra
Mário Cesariny, Nobilíssima Visão (1945-1946),
Lisboa, Assírio & Alvim, 1991
[Lisboa, 23/11/013]
«Sabemos hoje que as normas e critérios morais podem mudar de um dia para o outro e que tudo o que resta é o mero hábito de exaltar e sustentar alguma coisa. Muito mais de fiar serão os que duvidam e os cépticos, não porque o cepticismo seja uma coisa boa, ou a dúvida, saudável, mas porque estão habituados a examinar as coisas e a formar a sua própria opinião. Mas os melhores de todos são os que têm uma única certeza: que aconteça o que acontecer, enquanto vivermos, teremos de viver, tendo-nos por companheiros a nós próprios».
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HANNAH ARENDT, Responsabilidade e Juízo (Dom Quixote)
domingo, 24 de novembro de 2013
Perto de quatro décadas de democracia alteraram profundamente este panorama. É certo que muito se perdeu por culpa própria ou de alheios, que hesitações e descaminhos nos trocaram tantas vezes as voltas, que o terceiro D de Abril – o de Desenvolvimento, depois dos de Democracia e de Descolonização – fora achado mas não cumprido, que outros d (o de desgoverno, o de desperdício, talvez o de destino) muito deitaram a perder. Mas fomos capazes de sair da cova funda e negra, e do isolamento, proporcionando a pelo menos três gerações o vislumbre da prosperidade e uma vida razoavelmente digna. Na certeza de que quase todos poderiam ter os mínimos para, como proclamava a canção de Sérgio Godinho, conseguir «a paz, o pão, saúde, educação». O que nos permitiu chegar perto do pódio em muitos e novos campeonatos.
Estamos agora a regressar em passo acelerado ao ponto de partida. Em pouco menos de três anos a regressão foi brutal. Não apenas na perda de direitos, ou no recuo de todos os índices de desenvolvimento, mas sobretudo no que respeita ao desaparecimento da esperança de um futuro tranquilo. Atolados no pântano, não entrevemos saída ou salvação. E já nem em campeonato algum podemos jogar com convicção. Talvez apenas o triste, tristíssimo, da bajulação perante os mandantes da austeridade e da pobreza. Talvez o da falta de coragem política para defender a nossa independência. Ou então, dependerá de nós, o do terramoto cívico que nos traga o quarto D, sem o qual naufragaremos: o da Dignidade.
Publicado originalmente no Diário As Beiras.
sábado, 23 de novembro de 2013
I'm flying over South Tyrol at 3000 meters, less than thirty minutes from sunset. A surreal situation of light and clouds is happening beneath, while i lean out of the helicopter left side shooting in a crazy way, I dont realize that I'm filling cards with megabytes of pixels! Suddenly I am on the Odle (Geisler), suspended in the air with no more thoughts, alone with the mountains I love most in Dolomites. I would like to stop time, but it remains for me just this beautiful photographic memory that I hope is giving you some emotions.
Good night Wuthering Heights.
sexta-feira, 22 de novembro de 2013
ESL Podcast 949 – Dealing With a Contagious Disease
Isabelle: You can’t walk through that door with all of your clothes on!
Linus: What?! I’ve just come off of a 12-hour flight. I’m tired and I want to get into my own house and into my own bed.
Isabelle: I know, but you’ve just returned from McQuillanland and I’ve just read that anyone who has been there may be a carrier of acommunicable disease called Niebola. It can be transmitted through casual contact, so even if you don’t have it, you could spread it.
Linus: So what am I supposed to do? Stand out here for the rest of my life?
Isabelle: Of course not. Take off your clothes.
Linus: You want me to take off my clothes in front of the house? Are you crazy?!
Isabelle: No, the best way to prevent the spread of this infectious disease is to burn clothing that has been in contact with it, and to bathe you thoroughly.
Linus: I’m not stripping down to my underwear out here.
Isabelle: But aren’t you worried about transmitting Niebola to me and everyone you know? No one is immune. You could start anepidemic!
Linus: All right, but I’m going around to the back door where no one can see me, okay?
Isabelle: Great! I’ll get your bath ready. I just have to heat the mayonnaise.
Linus: What?! You want me to take a bath in mayonnaise?
Isabelle: That’s the only way to kill Niebola.
Script by Dr. Lucy Tse
Isabelle: You can’t walk through that door with all of your clothes on!
Linus: What?! I’ve just come off of a 12-hour flight. I’m tired and I want to get into my own house and into my own bed.
Isabelle: I know, but you’ve just returned from McQuillanland and I’ve just read that anyone who has been there may be a carrier of acommunicable disease called Niebola. It can be transmitted through casual contact, so even if you don’t have it, you could spread it.
Linus: So what am I supposed to do? Stand out here for the rest of my life?
Isabelle: Of course not. Take off your clothes.
Linus: You want me to take off my clothes in front of the house? Are you crazy?!
Isabelle: No, the best way to prevent the spread of this infectious disease is to burn clothing that has been in contact with it, and to bathe you thoroughly.
Linus: I’m not stripping down to my underwear out here.
Isabelle: But aren’t you worried about transmitting Niebola to me and everyone you know? No one is immune. You could start anepidemic!
Linus: All right, but I’m going around to the back door where no one can see me, okay?
Isabelle: Great! I’ll get your bath ready. I just have to heat the mayonnaise.
Linus: What?! You want me to take a bath in mayonnaise?
Isabelle: That’s the only way to kill Niebola.
Script by Dr. Lucy Tse
quinta-feira, 21 de novembro de 2013
Café do Molhe
Perguntavas-me
(ou talvez não tenhas sido
tu, mas só a ti
naquele tempo eu ouvia)
(ou talvez não tenhas sido
tu, mas só a ti
naquele tempo eu ouvia)
porquê a poesia,
e não outra coisa qualquer:
a filosofia, o futebol, alguma mulher?
Eu não sabia
e não outra coisa qualquer:
a filosofia, o futebol, alguma mulher?
Eu não sabia
que a resposta estava
numa certa estrofe de
um certo poema de
Frei Luis de Léon que Poe
numa certa estrofe de
um certo poema de
Frei Luis de Léon que Poe
(acho que era Poe)
conhecia de cor,
em castelhano e tudo.
Porém se o soubesse
conhecia de cor,
em castelhano e tudo.
Porém se o soubesse
de pouco me teria
então servido, ou de nada.
Porque estavas inclinada
de um modo tão perfeito
então servido, ou de nada.
Porque estavas inclinada
de um modo tão perfeito
sobre a mesa
e o meu coração batia
tão infundadamente no teu peito
sob a tua blusa acesa
e o meu coração batia
tão infundadamente no teu peito
sob a tua blusa acesa
que tudo o que soubesse não o saberia.
Hoje sei:escrevo
contra aquilo de que me lembro,
essa tarde parada,por exemplo.
Hoje sei:escrevo
contra aquilo de que me lembro,
essa tarde parada,por exemplo.
MANUEL ANTÓNIO PINA (Nenhuma Palavra e Nenhuma Lembrança – 1999)
segunda-feira, 18 de novembro de 2013
"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...
E conversamos toda a noite, enquanto
A via-láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"
E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas."
- in 'Via-Láctea - XIII’, 1888. Olavo Bilac. Antologia: Poesias. São Paulo: Martin Claret, 2002. p. 37-55: Via-Láctea. (Coleção a obra-prima de cada autor).
Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...
E conversamos toda a noite, enquanto
A via-láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"
E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas."
- in 'Via-Láctea - XIII’, 1888. Olavo Bilac. Antologia: Poesias. São Paulo: Martin Claret, 2002. p. 37-55: Via-Láctea. (Coleção a obra-prima de cada autor).
UM POEMA DE MARIA DO ROSÁRIO PEDREIRA
Deita-te aqui – esta noite, dentro de mim,
está tanto frio. Se fores capaz, cobre-me de
beijos: talvez assim eu possa esquecer para
sempre quem me matou de amor, ou morrer
de uma vez sem me lembrar. Isso, abraça-me
também: onde os teus dedos tocarem há uma
ferida que o tempo não consegue transportar.
Mas fecho os olhos, se tu não te importares, e
finjo que essa dor é uma mentira. Claro, o que
quiseres está bem – tudo, ou qualquer coisa,
ou mesmo nada serve, desde que o frio fique
no laço das tuas mãos e não regresse ao corpo
que te deixo agora sepultar. Não sentes frio, tu,
dentro de mim? Nunca nevou de madrugada no
teu quarto? Que país é o teu? Que idade tens?
Não, prefiro não saber como te chamas.
Deita-te aqui – esta noite, dentro de mim,
está tanto frio. Se fores capaz, cobre-me de
beijos: talvez assim eu possa esquecer para
sempre quem me matou de amor, ou morrer
de uma vez sem me lembrar. Isso, abraça-me
também: onde os teus dedos tocarem há uma
ferida que o tempo não consegue transportar.
Mas fecho os olhos, se tu não te importares, e
finjo que essa dor é uma mentira. Claro, o que
quiseres está bem – tudo, ou qualquer coisa,
ou mesmo nada serve, desde que o frio fique
no laço das tuas mãos e não regresse ao corpo
que te deixo agora sepultar. Não sentes frio, tu,
dentro de mim? Nunca nevou de madrugada no
teu quarto? Que país é o teu? Que idade tens?
Não, prefiro não saber como te chamas.
sábado, 16 de novembro de 2013
sexta-feira, 15 de novembro de 2013
A Forma Justa
Sei que seria possível construir o mundo justo
As cidades poderiam ser claras e lavadas
Pelo canto dos espaços e das fontes
O céu o mar e a terra estão prontos
A saciar a nossa fome do terrestre
A terra onde estamos — se ninguém atraiçoasse — proporia
Cada dia a cada um a liberdade e o reino
— Na concha na flor no homem e no fruto
Se nada adoecer a própria forma é justa
E no todo se integra como palavra em verso
Sei que seria possível construir a forma justa
De uma cidade humana que fosse
Fiel à perfeição do universo
Por isso recomeço sem cessar a partir da página em branco
E este é meu ofício de poeta para a reconstrução do mundo
Sophia de Mello Breyner Andresen, in "O Nome das Coisas"
Manhã Raia
A manhã raia. Não: a manhã não raia.
A manhã é uma coisa abstracta, está, não é uma coisa.
Começamos a ver o sol, a esta hora, aqui.
Se o sol matutino dando nas árvores é belo,
É tão belo se chamarmos à manhã «Começarmos a ver o sol»
Como o é se lhe chamarmos a manhã,
Por isso se não há vantagem em por nomes errados às coisas,
Devemos nunca lhes por nomes alguns.
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Alberto Caeiro, in "Poemas Inconjuntos"
A manhã raia. Não: a manhã não raia.
A manhã é uma coisa abstracta, está, não é uma coisa.
Começamos a ver o sol, a esta hora, aqui.
Se o sol matutino dando nas árvores é belo,
É tão belo se chamarmos à manhã «Começarmos a ver o sol»
Como o é se lhe chamarmos a manhã,
Por isso se não há vantagem em por nomes errados às coisas,
Devemos nunca lhes por nomes alguns.
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Alberto Caeiro, in "Poemas Inconjuntos"
Há mulheres que trazem o mar nos olhos
Não pela cor
Mas pela vastidão da alma
E trazem a poesia nos dedos e nos sorrisos
Ficam para além do tempo
Como se a maré nunca as levasse
Da praia onde foram felizes
Há mulheres que trazem o mar nos olhos
pela grandeza da imensidão da alma
pelo infinito modo como abarcam as coisas e os homens...
Há mulheres que são maré em noites de tardes...
e calma
Sophia de Mello Breyner Andresen
Não pela cor
Mas pela vastidão da alma
E trazem a poesia nos dedos e nos sorrisos
Ficam para além do tempo
Como se a maré nunca as levasse
Da praia onde foram felizes
Há mulheres que trazem o mar nos olhos
pela grandeza da imensidão da alma
pelo infinito modo como abarcam as coisas e os homens...
Há mulheres que são maré em noites de tardes...
e calma
Sophia de Mello Breyner Andresen
quinta-feira, 14 de novembro de 2013
RY X - Berlin (official video)
”.. Come down Love
Berlin in the cold
all that fighting, all that snow
Sober nights
and byron on my mind
tell me im not going home
and ill stop waiting by the phone
Bedroom floor
and silence in my blood
sorry love im running home
im a child of sun and the stars i love ..”
[…] Creio que devia começar a trabalhar em algo, agora que vou aprendendo a ver. Tenho vinte e oito anos e até aqui aconteceu tanto como nada. Repito: escrevi um estudo sobre Carpaccio, que é mau; um drama chamado «Matrimónio» que, por equívocos meios, pretendeu provar qualquer coisa de falso; e versos. Ah, mas que significam os versos, quando os escrevemos cedo! Devíamos esperá-los enquanto acumulamos sentido e doçura durante toda a vida e, se possível, durante uma longa vida, e, só então, no fim, talvez pudéssemos escrever dez bons versos. Porque os versos, como pensam as gentes, não são sentimentos (esses acontecem bastante cedo), - são experiências. Por amor de um verso, temos de olhar muitas cidades, homens e coisas, temos de conhecer os animais, sentir como as aves voam e saber o gesto com que as flores se abrem pela manhã. É preciso pensar de novo caminhos em regiões desconhecidas, em encontros inesperados e despedidas que olhamos vindas de longe, - em dias de infância ainda não esclarecidos, nos pais que tivemos de magoar quando nos traziam uma alegria sem que nós a compreendêssemos (era uma alegria para outro-), em doenças de infância que começam de maneira tão estranha com tantas transformações profundas e graves, em dias passados em quartos calmos e recolhidos e em manhãs à beira-mar, no próprio mar, em mares, em noites de viagem que passaram sussurrando alto e voaram com todos os astros, - e ainda não é bastante poder pensar em tudo isto. É preciso recordar muitas noites de amor, das quais nenhuma foi igual a outra, gritos de mulheres no parto e parturientes ligeiras, brancas e adormecidas no seu fecho. Mas também é preciso ter estado ao pé de moribundos, sentado perto de mortos, no quarto com a janela aberta, e dos ruídos que vinham por atalhos. E também não é ainda bastante ter recordações. É preciso saber esquecê-las quando muitas, e é preciso, com enorme paciência, esperar pelo seu regresso. Pois mesmo as recordações ainda não são o que é preciso. Só quando elas em nós se fazem sangue, olhar e gesto, quando já não têm nome e já se não distinguem de nós mesmos, só então é que, numa hora muito rara, pode ocorrer que do meio delas se erga a primeira palavra de um verso [...]
excerto de Die Aufzeichnungen des Malte Laurids Brigge, Rainer Maria Rilke, 1910
partindo de uma tradução de Paulo Quintela (ligeiramente alterada porque, lamento Sr. P.Q.,
(uma arca virtual bem rara, povoada por imensas coisas, belos sons, curiosidades sem fim)
O que me faz escrever este poema
não são as coisas: terra céu astros.
A saber: estendo a mão: e
o mundo reconhece-a encontra a
memória onde repousa e se transforma.
Pequena questão de valor cósmico. Insisto:
elo que liga bruma e fumo
felicidade de imagens nome inamistoso.
Não sonho palavra sonho barco.
Imóvel aprendo a não esquecer:
aspecto mineral do corpo
um destino de mica qualquer coisa
que não cessa de bater.
em Vinte e Nove Poemas,
João Miguel Fernandes Jorge, 1978
não são as coisas: terra céu astros.
A saber: estendo a mão: e
o mundo reconhece-a encontra a
memória onde repousa e se transforma.
Pequena questão de valor cósmico. Insisto:
elo que liga bruma e fumo
felicidade de imagens nome inamistoso.
Não sonho palavra sonho barco.
Imóvel aprendo a não esquecer:
aspecto mineral do corpo
um destino de mica qualquer coisa
que não cessa de bater.
em Vinte e Nove Poemas,
João Miguel Fernandes Jorge, 1978
"I don’t want to repeat my innocence. I want the pleasure of losing it again..”
~ F. Scott Fitzgerald / “This side of Paradise”
_________________________________________
here is no shame in preferring happiness.
Albert Camus.
_______________________________________
"To communicate through silence is a link between the thoughts of man."
~ Marcel Marceau
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~ F. Scott Fitzgerald / “This side of Paradise”
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here is no shame in preferring happiness.
Albert Camus.
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"To communicate through silence is a link between the thoughts of man."
~ Marcel Marceau
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terça-feira, 12 de novembro de 2013
segunda-feira, 11 de novembro de 2013
15 Big Life Insights I Wish I Knew at 18
One of the most popular posts of all time on HE is my 50 Life Secrets and Tips. However when I look back on that post, I see a fairly shallow and conventional list of recommendations. It shows me of how much I’ve grown in the years since it was published.
This is the list that comes to mind now. I chose to give it a different name rather than ’50 Life Secrets & Tips: Part 3′ because this represents what I consider to be a new era of understanding in my life. I hope you enjoy them :)
1) True pleasure and results come from mastery
In this internet age, there are many of Jack of all trades: people who know a bit about MANY things, but have not mastered any one thing. This is unfortunate. Immense pleasure is derived from being absolutely badass at something.
The solution:
“Take up one idea. Make that one idea your life – think of it, dream of it, live on that idea. Let the brain, muscles, nerves, every part of your body, be full of that idea, and just leave every other idea alone. This is the way to success.” – Swami Vivekananda
2) The best practices are those you discover for yourself
The downside of having so much information available online is that it’s easy to get lost in spiral of trying out other people’s methods while never attempting to create on of your own. You’re missing a lot of context when simply subscribing to some internet guru’s meditation technique. This is akin to buying an iPhone and thinking you know how to manufacture a phone.
Instead, try a method that you think would feel good for you. Continually make modifications until you have a practice that is uniquely your own. Feel free to take inspiration from others, but be sure the final product is finely tailored to who you are.
3) Reality is highly subjective
Even science is subjective. The more deeply you realize this truth, the better you will get along with your fellow man. Our thoughts and beliefs shape our realities in a greater capacity than we can fully understand. This is has major take-aways:
1) Accept the seemingly absurd views of others as a logical result of them looking through an entirely different lens.
2) Realize that you are in control of the lens you look through. Carefully mold your beliefs towards the kind of world you wish to live in. The sky is the limit.
4) You can only be truly angry at yourself
If something bothers you, it must also dwell inside of you. For example, if your friend’s selfish behavior pisses you off, then you are actually frustrated by your own selfish tendencies. I know, this one is difficult to swallow at first. Take a long hard introspective look inside the next time you’re angered. It’s a great way to learn more about yourself and increase your control of your emotions.
5) Re-apply your own principles routinely
Lessons need to be learned over and over. It’s easy to ride the wave of your past learned experiences and fool yourself into think you’re still acting upon them. Keep a note somewhere of your big life lessons and go through them routinely to make sure you’re still on track.
6) Stating intentions out loud can reduce their power
The opposite is also true, but this side of the polarity is rarely talked about.
There is something powerful about concealing a secret mission to accomplish X rather than sharing it with the world. I’m having trouble iterating exactly why this is, but please do try it out for yourself.
7) My broken record: pyschedelics are an insanely powerful tool for introspection
I’ve advocated the responsible use of psychedelics for personal growth on HE more times than I can mention. They have been essential to my own growth, and to the existence of this very website. Read this article for more info if you’re a first-timer.
8) Your morning routine is everything
Start your day with a structure that empowers you for the rest of the day.
For me, the most important part is getting up at a set time, even if that time isn’t very early. In this case, consistency trumps efficiency (within reason).
When you’re awake, do what makes you feel ALIVE! It doesn’t need to be meditation or journaling. Do what makes you amped for the rest of the day.
9) Seriously, remember people’s names
I’m still horrible at this. I like to blame it on the sheer number of people who contact me on a daily basis, which has trained me to think that I can’t keep track, but that’s just an excuse.
Remembering someone’s name is the first step towards seeing the divinity in each person you meet.
10) Embrace what is innate in yourself
For a while I battled with my anti-social nature. On an average night, I much prefer to stay in and work/create than go out with other people. In the past I felt bad for not wanting to be social, placing selfish accusations on myself. But more recently I’ve realized this is just me. Self-improvement books and popular culture have taught me that it’s not good to live out that side of me. But it feels good. So fuck it.
11) Repetition is key
Unless you’re a savant, you need to read/learn/experience things multiple times for them to stick. If come across something that hits home with you, be sure to revisit it again and again until it’s engrained in you.
Re-read books, write down your lessons, use Anki Cards for memorization, etc. And repeat :)
12) FOCUS! / Learn to say NO
I know this because I’m still recovering from the lesson. My time is split between HE, Valhalla Movement, RaveNectar and some super-secret side-projects. My results would be much more powerful if I poured all of my time into 1-2 projects maximum.
Just because something is inline with your bliss does not mean it has a place in your life. Place a priority on having priorities ;)
13) Down with extremes
Self-improvement freaks have a tendency to try out extreme habits, eg. no meat, working out every day, no drinking, etc. These short-lived experiments generally end with a binge on the other end of the spectrum. Instead, aim for a healthy balance from the start.
14) Follow the path of least resistance
When you’re in full acceptance of the path laid before you, life flows. You don’t need to force anything.
If you’re pursuing something and life is throwing a ridiculous amount of hurdles at you, re-consider whether or not this is the right path for you. Are you forcing it?
It may seem difficult to discern between needing to work hard and the Universe saying ‘STOP!’, but you’ll gain that ability with time.
15) You can do anything
Every single amazing person you’ve ever heard of started off as a zero. Great feats come through sweat and tears, not innate talent. Decide what your greatness should be and go pursue it relentlessly. The only person standing in your way is you.
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