Divina Voz, divino Sopro santo,
respiro-me em teu Voo, veloz Amor.
E sinto-me pequeno de poesia.
Vezes uns uivos, longe de ser canto
vestem-me os pêlos como Manto novo,
cordas revoando. Louvo-te Senhor.
Tenho em roda ao pescoço uma coleira
de cão, de pobre cão entre o meu povo.
Nem sei dizer se esse mudado Verbo,
nem si dizer se essa gaguêz furiosa,
essa rosa de vento que é meu berro
se tornou na asfixia de Teu perro
- canto com que cantar-te, canto-chão,
nessa Tua divina ventania.
Jorge de Lima (1893-1953), poeta brasileiro
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