o respeito, levantar a saia se a tivesses,
alçar a perna se cão fosses, mandar à merda
quem vem socorrer-te da vida e te decepa os dedos.
Com um rigor de artilharia que amortece o cansaço,
o combate quase sereno. De vez em quando,
fazes a conta de cor e dizes apesar de tudo, inspiras-me,
e não queres saber muito mais do que isto.
Estás na vida com na montra alguns relógios,
parado, e pensas numa sepultura no mar, tudo
menos esta terra, tudo menos uma corda, tudo menos
viver a pulso e ter de sacudir a chuva contra o casaco.
Os dias sem prognóstico, vivendo apenas para
esperar a madrugada, e que ela venha como cortejo
e aprendas a ficar.
Marta Chaves, Pedra de Lume,
Lisboa: Paralelo W, 2013
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