terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Perdi a caneta
de tinta eterna
no teu cabelo.

O Adamastor lá estava, no relvado,
onde mais duma vez nós conversámos
a contemplar o rio com desencanto.

A caneta perdida impedia-me de escrever
quanto te amo e odeio
como se ardesse a frio num incêndio.

A côr da friagem na minha barba hirsuta
toldada de brancura e nevoeiro:
é a velhice magra que me espreita, atenta
à caneta perdida em teu cabelo.


António Barahona, Pátria Minha,
Lisboa: Averno, 2014

Sem comentários:

Enviar um comentário