sexta-feira, 24 de maio de 2013

A Praia


Um tórrido silêncio
rodeia em flor os braços
campo de amor – as ondas
sinal de vida – os passos

os mastros são lanças
memória que atravessa
os corpos das crianças

os corpos são tão barcos
cruéis pesos que inundam
os colchões amarelos
onde os olhos se afundam

tece na areia o sangue
doirada geometria
e o sol sugou pelos dedos
a vida da baía.


A Praia, Armando Silva Carvalho
(Lírica Consumível, 1965)

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